Sobre o Bloco
O bloco possui a forma da fusão entre um bandolim e um pandeiro. O bandolim é vazado, mostrando a paisagem de um céu estrelado, com a lua cheia na posição da boca do instrumento. A paisagem se completa com a lua estando por detrás dos Arcos da Lapa, berço da boemia carioca e onde o Chorinho fez sua morada. Distribuídos pelo bloco, aparecem em destaque os selos dos instrumentos mais comuns associados ao Chorinho: a flauta transversa, bandolim, violão de 7 cordas, cavaquinho, pandeiro e clarinete. A técnica utilizada foi arte digital.
150 anos do Choro* no Brasil
Em novembro de 1808, a Família Real Portuguesa aporta no Rio de Janeiro trazendo consigo um imenso contingente de europeus que transformaria para sempre, política e culturalmente, o perfil da cidade. Muitas partituras e instrumentos musicais chegaram com a corte e logo a música das danças europeias de salão, tocada pelos pianos, começa a chegar ao ouvido dos modinheiros e músicos de bandas militares, que acrescentam a elas o tempero rítmico afro-ameríndio do mestiço povo local, criando aos poucos um sotaque único. A quadrilha é um gênero dançante assimilado pelos músicos brasileiros e que, em uma versão mais tardia, viria a se tornar a dança das festas juninas. A valsa é a primeira dança de coreografia não coletiva a ser praticada no Brasil, nos salões da nobreza. A influência negra, dos batuques e lundus, é fundamental para a nacionalização da polca, que passa a apresentar melodias sincopadas com características muito diferentes das polcas europeias. É da união de diferentes ritmos que nasce o choro.
Por volta de 1870 começam a surgir os primeiros conjuntos de choro, sendo o “Choro de Callado” um dos mais importantes desse período. Organizado pelo exímio flautista Joaquim Callado, o grupo era formado por músicos oriundos das classes populares conhecidos como “chorões”. Por ser considerado um marco na historiografia sobre gênero, esta data celebra os 150 anos do Choro no Brasil. Dentre os compositores pioneiros que ajudaram a dar características a essa música e consolidá-la como gênero musical estão o maestro e pianista Henrique Alves de Mesquita, a maestrina e pianista Chiquinha Gonzaga, o maestro, professor e regente Anacleto de Medeiros e o pianista Ernesto Nazareth.
A década de 1920 marca o início das transmissões radiofônicas e o aumento da produção fonográfica no país, inaugurando uma nova fase na história do choro: a Era do Rádio. Os chorões passam a se profissionalizar e a ter atuação fundamental na produção musical que será veiculada por todo o país através da rádio e do disco. Pixinguinha será o primeiro músico negro a ser contratado pela gravadora Victor, tornando-se diretor musical, arranjador e regente da Victor Brasileira. Incorporando elementos das bandas de música e influências rítmicas negras, suas orquestrações marcarão uma nova forma de se fazer arranjo no Brasil. Alguns anos depois, o pianista e compositor Radamés Gnattali formará, com Pixinguinha, a dupla de ouro de arranjadores do país.
Ao longo de sua história o choro foi tocado por pequenos conjuntos de câmera, grandes orquestras, big bands, orquestras típicas argentinas, grupos de jazz norte-americanos e outra variedade imensa de combinações de instrumentos. Apesar disso, é impossível se dissociar o choro de sua formação instrumental mais típica: o regional – nome pelo qual passou a ser conhecido o conjunto tradicional de choro, formado por um ou dois instrumentos solistas (como flauta, clarinete, bandolim e instrumentos típicos de bandas como trompetes, trombones e oficleides), dois violões, cavaquinho e pandeiro. Os regionais serão valorizados por terem grande versatilidade para tocar “de ouvido”, improvisar arranjos instantâneos e acompanhar cantores. O conjunto regional de maior destaque na Era do Rádio é o do flautista Benedito Lacerda, que reúne alguns dos melhores músicos de acompanhamento da história da música popular brasileira: Dino e Meira nos violões e Canhoto no cavaquinho.
Para além dos regionais, surgem alguns dos maiores solistas (e compositores) da história do choro, tais como Luiz Americano, Ratinho, Jacob do Bandolim, Garoto, Waldir Azevedo, Altamiro Carrilho e Sivuca.
A roda de choro sempre foi essencial para a preservação e renovação da cultura do choro. Neste ambiente de aprendizagem coletiva os chorões criam seu repertório, compartilhando uma linguagem que é, ao mesmo tempo, musical e social. Embora tenha, na década de 1960 e metade da década de 1970, ficado afastado dos meios de comunicação, o choro teve a roda como um importante espaço de interação entre músicos, fazendo com que surgisse uma nova geração que contribuiria substancialmente para essa linguagem musical.
Com 150 anos de história, o choro tem sua trajetória registrada por diferentes meios: jornais, livros, depoimentos, gravações, pinturas e retratos espelham a riqueza deste que é um dos maiores gêneros de música popular urbana ainda em atividade no mundo e que vem sendo constantemente atualizada através de uma ativa cena musical que movimenta clubes e escolas de choro em diversos países da América Latina, Ásia e Europa.
Por meio da emissão deste bloco comemorativo, os Correios homenageiam este importante gênero musical brasileiro, parte importante da História da música do país.
Casa do Choro
* também popularmente conhecido como Chorinho
Detalhes Técnicos
Edital nº 6
Arte: José Carlos Braga
Processo de Impressão: Ofsete + corte especial no formato do bloco
Papel: cuchê gomado
Bloco com 6 selos
Valor facial: 1° Porte da Carta
Tiragem: 60.000 blocos
Área de desenho: 30 x 40mm
Dimensão do selo: 30 x 40mm
Dimensão do bloco: 249 x 190mm
Picotagem: 11,5 x 12
Data de emissão: 23/4/2020
Locais de lançamento: Brasília/DF e Rio de Janeiro/RJ
Impressão: Casa da Moeda do Brasil
Commemorative Postal Issue 150 Years of Chorinho
About the Souvenir Sheet
The souvenir sheet is shaped after a fusion between a mandolin and a tambourine. The mandolin is hollow in order to show the landscape of a starry sky, with the full moon in the position of the soundhole of the instrument. The landscape is completed with the moon placed behind the Arcos da Lapa, the birthplace of bohemian carioca and where Chorinho made his home. Even today, several groups still play in the surroundings. Stamps of the most common instruments associated with Chorinho are highlighted in the souvenir sheet: the transverse flute, mandolin, 7-string guitar, cavaquinho, tambourine and clarinet. The technique used was digital art.
150 years of Choro* in Brazil
In November 1808, the Portuguese Royal Family arrived in Rio de Janeiro bringing with them an immense contingent of Europeans who would forever change, politically and culturally, the city’s profile. Many scores and musical instruments arrived with the court and soon the music of European ballroom dances, played by pianos, begins to reach the ears of modinheiros (a kind of local musician) and musicians from military bands, who add to them the rhythmic African-American spice of the multiracial local people, gradually creating a unique accent. The quadrilha is a dance genre assimilated by Brazilian musicians and that, in a later version, would become the dance of the June festivals. The waltz is the first non-collective choreography dance to be practiced in Brazil, in the halls of the nobility. The black influence, of the batuques and lundus, is fundamental for the nationalization of the polka, which starts to present syncopated melodies with very different characteristics from European polka. It is from the union of different rhythms that Choro is born.
Around 1870 the first sets of Choro began to appear, the “Choro de Callado” being one of the most important of that period. Organized by the renowned flutist Joaquim Callado, the group was formed by musicians from the popular classes known as “chorões”. As it is considered a landmark in gender historiography, this date celebrates the 150th anniversary of Choro in Brazil.
Among the pioneer composers who helped to customize this music genre and consolidate it as a musical genre are the conductor and pianist Henrique Alves de Mesquita, the conductress and pianist Chiquinha Gonzaga, the conductor and teacher Anacleto de Medeiros and the pianist Ernesto Nazareth.
The 1920s marked the beginning of radio broadcasts and the increase in phonographic production in the country, inaugurating a new phase in the history of Choro: the Golden Age of Radio. Chorões start to professionalize and play a fundamental role in music production that will come to be broadcast throughout the country through radio and albums. Pixinguinha would be the first black musician to be hired by the label Victor, becoming musical director, arranger and conductor of Victor Brasileira. Incorporating elements from music bands and black rhythmic influences, their orchestrations will mark a new way of making arrangements in Brazil. A few years later, the pianist and composer Radamés Gnattali would form, with Pixinguinha, the golden pair of arrangers in the country.
Throughout its history, choro has been played by small camera groups, large orchestras, big bands, typical Argentine orchestras, North American jazz groups and another immense variety of instrument combinations. Despite this, it is impossible to dissociate the choro from its most typical instrumental formation: the regional - the name by which the traditional choro ensemble came to be known, formed by one or two solo instruments (such as flute, clarinet, mandolin and typical instruments of bands like trumpets, trombones and ophicleides), two guitars, cavaquinho and tambourine. The regionals would be highlighted for having great versatility to play “by ear”, improvise instant arrangements and accompany singers. The most important regional group in the Era do Rádio is the flute player Benedito Lacerda, which brings together some of the best accompanists in the history of Brazilian popular music: Dino and Meira on guitars and Canhoto on cavaquinho.
In addition to the regional ones, there are some of the greatest soloists (and composers) in the history of choro, such as Luiz Americano, Ratinho, Jacob do Bandolim, Garoto, Waldir Azevedo, Altamiro Carrilho and Sivuca.
The choro circle has always been essential for the preservation and renewal of the choro culture. In this collective learning environment, chorões create their repertoire, sharing a language that is both musical and social. Although, in the 1960s and half of the 1970s, it stayed away from the media, choro had the circle as an important space for interaction between musicians, causing the emergence of a new generation that would contribute substantially to this musical language.
With 150 years of history, choro has its trajectory recorded by different means: newspapers, books, testimonies, recordings, paintings and portraits reflect the richness of this which is one of the largest genres of urban popular music still active in the world and which has been constantly updated through an active music scenario that brings movement to clubs and choro schools in several countries in Latin America, Asia and Europe.
By this commemorative issue with the souvenir sheet, the Correios Brasil pays tribute to this important Brazilian musical genre, an important part of the country’s music history.
Choro House
* also popularly known as Chorinho
Technical Details
Stamp issue N. 6
Art: José Carlos Braga
Print system: offset + special cut to the shape of the souvenir sheet
Paper: gummed chalky paper
Souvenir sheet with 6 stamps
Facial value: 1st class mail domestic rate
Issue: 60,000 souvenir sheets
Design area: 30 x 40mm
Stamp dimensions: 30 x 40mm
Souvenir sheet dimensions: 249 x 190mm
Perforation: 11.5 x 12
Date of issue: April 23rd , 2020
Places of issue: Brasília/DF and Rio de Janeiro/RJ
Printing: Brazilian Mint
Yorumlar