top of page

Lançamento | Centenário da 1ª Travessia Aérea do Atlântico Sul


Sobre os Selos

Esta emissão é composta por um se-tenant de 3 selos e ilustra a trajetória da 1ª Travessia Aérea do Atlântico Sul. O primeiro e o terceiro selo trazem elementos que representam a cidade de partida, Lisboa e a cidade de chegada, Rio de Janeiro: a Torre de Belém, e o Cristo Redentor, respectivamente. No primeiro selo, além da ilustração da Torre de Belém, está também a Caravela Vera Cruz. Também é possível notar o hidroavião esfumado ao fundo do horizonte. O selo do meio mostra o hidroavião Fairey III-D sobrevoando o Atlântico Sul. Na porção superior esquerda está o desenho da Cruz da Ordem de Cristo. O terceiro selo destaca os dois pilotos emoldurados por um astrolábio, símbolo das primeiras aventuras marítimas, sob o “Corretor de Rumos”, um dos novos instrumentos inventados por Gago Coutinho para auxiliar a travessia. À direita, o período do centenário e o título da emissão, e a ilustração é finalizada com um hidroavião amerrissando na Baía da Guanabara. A técnica usada foi pintura em guache sobre papel Montval.


Centenário da 1ª Travessia Aérea do Atlântico Sul

Em 1922, no momento das comemorações do Centenário da Independência, os laços entre Brasil e Portugal foram estreitados a partir de um notável feito empreendido por dois ases da aviação portuguesa, Artur de Sacadura Freire Cabral e Carlos Viegas Gago Coutinho, que, aliando conhecimento técnico com uma dose elevada de destemor, realizaram a Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul.


Em reconhecimento e homenagem pelo feito em prol da aviação mundial, que neste ano de 2022 completa cem anos, os Correios, em parceria com o Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER) e Museu Aeroespacial (MUSAL), apresenta ao público o selo comemorativo do “Centenário da 1ª Travessia Aérea do Atlântico Sul” (1922-2022) juntamente com um pequeno texto narrando a façanha dos aviadores que uniram os sentimentos das duas nações em uma única expectativa: o reide Lisboa-Rio de Janeiro.

Convidamos o público a tomar assento e seguir viagem pelos céus do Atlântico Sul, a bordo do hidroavião modelo Fairey F III-D, que decolou de Lisboa e amerrissou, após alguns percalços e trocas de aeronaves, na Baía de Guanabara, na cidade do Rio de Janeiro. Enfrentando as adversidades de uma rota desconhecida, os heroicos aviadores atravessaram uma grande extensão do Atlântico Sul, nunca antes sobrevoada, recriando a “epopeia” das caravelas de Pedro Álvares Cabral.

Boa Leitura!

A Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul realizou-se no período de 30 de março a 17 de junho de 1922. Constituiu um importante e inusitado acontecimento e um memorável marco histórico nos anais da navegação aérea, em nível mundial. Ademais, no ano de 1922, comemorava-se o Centenário da Independência do Brasil, excelente ocasião para realizar o inolvidável voo ligando Lisboa ao Rio de Janeiro, então Capital do Brasil.

Na época desse projeto, poucas viagens dessa magnitude, sobre o mar, haviam sido realizadas. Entretanto, foi possível colher experiências e sugestões sobre as máquinas empregadas e, sobretudo, sobre os processos de navegação aérea utilizados. Até então, somente haviam sido realizadas: a travessia do Mediterrâneo França-Argélia, pelos franceses; a travessia do Atlântico Norte, pelos americanos; e a travessia da Terra Nova à Islândia, pelos ingleses.

No dia 30 de março de 1922, às 7h, depois de uma corrida de 15 segundos sobre as águas do Rio Tejo, em frente à histórica Torre de Belém, o piloto Sacadura Cabral (1881– 1924) e o navegador Gago Coutinho (1869 – 1959), a bordo do hidroavião monomotor Fairey F III-D de 350cv, batizado com o nome de “Lusitânia”, decolaram para a grande aventura. Os destemidos aviadores percorreram parte da viagem realizando as seguintes escalas: Las Palmas, Gando, São Vicente e São Tiago. A partir de então, teve início o maior desafio da Travessia, com uma maior distância a vencer, até o território brasileiro.

Em 18 de abril, tudo estava a postos para que viesse a ser efetuada a primeira ligação aérea Portugal – Brasil, cuja primeira parada seria o Penedo de São Pedro, localizado dentro de águas territoriais brasileiras. Às 5h 55min, o “Lusitânia” decolou levando em seus depósitos 255 galões de gasolina. Às 8h, após duas horas da partida, o piloto constatou que os 195 galões de gasolina que lhe restavam nos tanques apenas lhe proporcionariam voar por 10 horas. Às 17 horas, avistaram o Penedo de São Pedro e, a seguir, o navio “República” que lhes davam cobertura na arriscada aventura. A partir daí, tomaram proa diretamente ao navio para amararem próximo dele e não contabilizavam, nesse momento, mais de dois ou três litros de gasolina no tanque.

Havia o projeto de desembarcar o aparelho em pleno mar, junto ao Penedo de São Pedro e, assim, a Travessia não sofreria interrupção no seu itinerário previamente estabelecido; todavia, quando o navio chegou próximo do Penedo, verificou-se a impossibilidade de um desembarque em boas condições. Ficou, pois, assente que o hidroavião seria desembarcado em Fernando de Noronha e os aviadores viriam a fazer o percurso: Fernando de Noronha – Penedo de São Pedro – Fernando de Noronha; e largar dali para a costa brasileira, completando, assim, o trecho que deixara de ser preenchido.

Entretanto, um novo infortúnio veio a acontecer. Após sobrevoarem os Penedos para reiniciarem a viagem, foram obrigados a amerissar em emergência e ficaram nove horas como náufragos, temendo pela própria vida, antes de serem salvos por um cargueiro inglês.

Apesar de todos os contratempos sofridos pelos bravos aeronautas portugueses, o entusiasmo, tanto em Portugal como no Brasil, não arrefeceu o ânimo, antes pelo contrário. O Governo português resolveu imediatamente mandar seguir para Fernando de Noronha o último “Fairey” que a Aviação Naval possuía. O hidroavião chegou à ilha brasileira no dia 2 de junho a bordo do cruzador português “Carvalho Araújo”.

Os aviadores decolaram de Fernando de Noronha para Recife (capital do estado de Pernambuco), em 5 de junho, e, às 11h 40min, avistaram o litoral nordeste do Brasil. Às 13h 30min, amerrissaram em águas brasileiras do Recife, tendo percorrido as 300 milhas em 4h 30min de voo a uma velocidade média de 67 mph. Estava completada, assim, a Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul. A glória foi conquistada por Portugal, pois foi o primeiro país a realizar essa Travessia utilizando métodos e instrumentos criados, pelos portugueses, para a navegação aérea.

Decolando de Recife fizeram escalas em Salvador e Porto Seguro (estado da Bahia), Vitória (estado do Espírito Santo), e, finalmente, amerrissaram nas águas da Baía de Guanabara (Rio de Janeiro), no dia 17 de junho, às 17h 32min.

Texto extraído e adaptado do livro “A Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul”, de autoria do Coronel Aviador Manuel Cambeses Júnior, publicado pelo Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica - INCAER


Detalhes Técnicos

Edital nº 11

Arte: Gustavo Ramos

Processo de Impressão: Ofsete e relevo seco

Papel: cuchê gomado

Folha com 12 selos (4 se-tenants de 3 selos)

Valor facial: R$ 2,35

Tiragem: 96.000 selos (32.000 se-tenants)

Área de desenho: 35 x 25mm e 40 x 25mm

Dimensão do selo: 40 x 30mm

Picotagem: 11,5 x 12

Data de emissão: 1º/8/2022

Locais de lançamento: Rio de Janeiro/RJ, Recife/PE e Brasília/DF

Impressão: Casa da Moeda do Brasil



 

About the Stamps

This issue is composed of three-stamps setenant and illustrates the trajectory of the 1st South Atlantic Air Crossing. The first and third postage stamps bring elements that represent the city of departure, Lisbon and the city of arrival, Rio de Janeiro: Belém Tower, and Christ the Redeemer, respectively. On the first postage stamp, in addition to the illustration of the Tower, there is also the Vera Cruz caravel. It is also possible to notice the smoky seaplane in the background of the horizon. The middle postage stamp shows the Fairey III-D seaplane flying over the South Atlantic. In the upper left portion there is the drawing of the Order of Christ Cross. The third postage stamp highlights the two pilots framed by an astrolabe, symbol of the first maritime adventures, under the “Route Corrector”, one of the new instruments invented by Gago Coutinho to help the crossing. On the right, the centenary period and the title of the issue, and the illustration ends with an seaplane landing in Guanabara Bay. The technique used was gouache painting on Montval paper.


Centenary of the 1st South Atlantic Air Crossing

In 1922, during the celebrations of the Centenary of the Brazilian Independence, the ties between Brazil and Portugal were strengthened by a remarkable feat undertaken by two aces of Portuguese aviation, Artur de Sacadura Freire Cabral and Carlos Viegas Gago Coutinho, who, combining technical knowledge with a high dose of fearlessness, made the First South Atlantic Air Crossing.

In recognition and tribute to the achievement on behalf of the world aviation, which this year, 2022, completes one hundred years, Correios Brasil, in partnership with the Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica – INCAER (Historical and Cultural Institute of the Aeronautics), and Museu Aeroespacial – MUSAL (Aerospace Museum), presents to the public the commemorative stamp “Centenary of the 1st South Atlantic Air Crossing” (1922-2022) together with a short text narrating the fachievement of the aviators who united the feelings of both the nations in a single expectation: the Lisbon-Rio de Janeiro route.

We invite the public to take a seat and travel through the South Atlantic skies aboard the Fairey F III-D seaplane, which took off from Lisbon and landed, after some mishaps and aircraft changes, in Guanabara Bay, in the city of Rio de Janeiro. Facing the adversities of an unknown route, the heroic aviators crossed a large extension of the South Atlantic, never before flown over, recreating the “epic” of Pedro Álvares Cabral’s caravels.

Enjoy your reading!

The First South Atlantic Air Crossing took place from March 30 to June 17, 1922. It was an important and unusual event and a memorable milestone in the annals of air navigation, worldwide. Furthermore, in 1922, the Centenary of Brazilian Independence was being celebrated, an excellent occasion to make the unforgettable flight connecting Lisbon to Rio de Janeiro, then Brazil’s capital. At the time of this project, few voyages of this magnitude, over the sea, had been undertaken. However, it was possible to gather experiences and suggestions about the machines employed and, above all, the air navigation processes used. Until then, only the following had been accomplished: the crossing of the Mediterranean from France to Algeria by the French, the crossing of the North Atlantic by the Americans, and the crossing from Newfoundland to Iceland by the British.

On March 30, 1922, at 7 a.m., after a 15-second race over the waters of the Tagus River, in front of the historic Belém Tower, pilot Sacadura Cabral (1881-1924) and navigator Gago Coutinho (1869-1959), aboard the 350 hp Fairey F III-D single-engine seaplane, baptized with the name “Lusitânia”, took off for the great adventure. The fearless aviators made part of their journey via the following stopovers: Las Palmas, Gando, São Vicente, and São Tiago. From then on, the greatest challenge of the Crossing began, with a greater distance to cover, all the way to Brazilian territory.

On April 18, everything was in place for the first Portugal-Brazil air link to take place, with the first stop being São Pedro Penedo, located within Brazilian territorial waters. At 5:55 am, the “Lusitania” took off carrying 255 gallons of gasoline in its tanks. At 8 am, after two hours of departure, the pilot found that the 195 gallons of gasoline left in his tanks would only allow him to fly for 10 hours. At 5 pm, they sighted Penedo de São Pedro and then the ship “República”, which was covering them in the risky adventure. From there, they headed straight for the ship to tie up close to it, and at this point did not count more than two or three liters of gasoline in the tank.

There was a plan to land the device in the middle of the sea, near Penedo de São Pedro, so that the crossing would not suffer any interruption in its previously established route; however, when the ship arrived near the Penedo, it turned out that it would not be possible to land it in good conditions. It was agreed that the seaplane would land at Fernando de Noronha and the aviators would follow the route: Fernando de Noronha – Penedo de São Pedro – Fernando de Noronha; and leave from there for the Brazilian coast, thus completing the stretch that had not been completed.

However, a new misfortune came about. After flying over the Penedos to restart their journey, they were forced to make an emergency landing and were left for nine hours as castaways, fearing for their lives, before being rescued by an English freighter. Despite all the setbacks suffered by the brave Portuguese airmen, the enthusiasm, both in Portugal and in Brazil, did not cool down, quite the contrary. The Portuguese government immediately decided to order the last Fairey that the Naval Aviation had to Fernando de Noronha. The seaplane arrived at the Brazilian island on June 2nd aboard the Portuguese cruiser “Carvalho Araújo”. The aviators took off from Fernando de Noronha to Recife (capital of the state of Pernambuco) on June 5, and at 11:40 a.m. they sighted the northeast coast of Brazil. At 1:30 pm, they landed in Brazilian waters off Recife, having covered the 300 miles in 4 hours 30 minutes of flight at an average speed of 67 mph. The First South Atlantic Air Crossing was thus completed. Glory was won by Portugal, for it was the first country to make this Crossing using methods and instruments created, by the Portuguese, for air navigation.

Taking off from Recife, they made stopovers in Salvador and Porto Seguro (Bahia state), Vitória (Espírito Santo state), and, finally, landed in the waters of Guanabara Bay (Rio de Janeiro state), on June 17, at 5:32 pm.

Text extracted and adapted from the book “A Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul” (The 1st South Atlantic Air Crossing), written by Aviator Colonel Manuel Cambeses Júnior, published by the Instituto HistóricoCultural da Aeronáutica (Historical and Cultural Institute of the Aeronautics) - INCAER


Technical Details

Stamp issue N. 11

Art: Gustavo Ramos

Print system: offset and embossing

Paper: gummed chalky paper

Sheet with 12 stamps (4 se-tenants of 3 stamps)

Facial value: R$ 2.35

Issue: 96,000 stamps (32.000 se-tenants)

Design area: 35 x 25mm and 40 x 25mm

Stamp dimensions: 40 x 30mm

Perforation: 11.5 x 12

Date of issue: August 1st, 2022

Places of issue: Rio de Janeiro/RJ, Recife/PE and Brasília/DF

Printing: Brazilian Mint

57 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page