SOBRE O BLOCO
Temos como fundo do bloco a imagem da igreja em perspectiva, vista em sua totalidade. Na parte esquerda do bloco há aplicações de ornamentos em hotstamping dourado, retirados do próprio detalhe do selo, realçando uma das características do estilo barroco. Com o objetivo de ressaltar a riqueza ornamental dos detalhes, o selo destaca parte da singular fachada da Igreja da Ordem 3ª Secular de São Francisco da Bahia, focalizando o nicho com a escultura de São Francisco, patrono da Ordem, duas figuras masculinas, seminuas e que portam cabaças típicas dos peregrinos mendicantes, além dos demais adornos que registram o estilo Barroco Plateresco. No canto superior esquerdo do selo consta o título da emissão e abaixo da imagem a identificação da igreja. Foram usadas técnicas de fotografia e computação gráfica.
ABOUT THE SOUVENIR SHEET
The background of the image shows the church in perspective, in its totality. The left portion of the souvenir sheet contains applications of ornaments in gold hot stamping, taken from the details of the stamp, highlighting one of the characteristics of the Baroque style. With the aim of highlighting the ornamental richness, the stamp emphasizes part of the unique façade of the Church of the 3rd Order of São Francisco da Bahia, focusing on the niche with the sculpture of St. Francis, patron of the Order, two half-naked male figures carrying gourds typical of the mendicant pilgrims, in addition to the other adornments that mark the Plateresque Baroque style. The upper left corner of the stamp contains the title of the issue, while the name of the church is shown below the image. Photography and computer graphics techniques were used.
DETALHES TÉCNICOS
Edital nº 17
Fotos: Luciano Soares – Correios e
Nelson Kon – Iphan
Arte-finalização: Jamile Costa Sallum – Correios
Processo de Impressão: ofsete + hotstamping dourado
Bloco com 1 selo
Papel: cuchê gomado
Valor facial: R$ 2,55
Tiragem: 50.000 blocos
Área de desenho: 38mm x 38mm
Dimensão do selo: 38mm x 38mm
Dimensão do bloco: 127mm x 85mm
Picotagem: 11,5 x 11,5
Data de emissão: 1º/12/2017
Local de lançamento: Salvador/BA
Impressão: Casa da Moeda do Brasil
TECHNICAL DETAILS
Stamp issue N. 17
Photos: Luciano Soares – Correios and Nelson Kon – Iphan
Art finishing: Jamile Costa Sallum – Correios Brasil
Print system: offset + golden hotstamping
Souvenir Sheet with 1 stamp
Paper: gummed chalky paper
Facial value: R$ 2.55
Issue: 50,000 souvenir sheets
Design area: 38mm x 38mm
Stamp dimension: 38mm x 38mm
Souvenir sheet dimension: 127mm x 85mm
Perforation: 11.5 x 11.5
Date of issue: December 1st , 2017
Place of issue: Salvador/BA
Printing: Brazilian Mint
A FACHADA DA IGREJA DA ORDEM 3ª SECULAR DE SÃO FRANCISCO DA BAHIA
A fachada da Igreja dos Terceiros Franciscanos de Salvador distingue-se das demais igrejas brasileiras do período colonial por ser totalmente ornamentada de esculturas em pedra expressando o Horror Vacui” (horror ao vazio) do barroco. Esse tipo de fachada, denominado “fachada retábulo”, muito comum na América espanhola (México, Peru, Equador), é aqui a expressão do poder de uma ordem religiosa de leigos constituída por homens brancos, membros da elite financeira, política e intelectual da colônia, que projetou o seu status social na excepcionalidade artística da fachada. A bibliografia identifica essa fachada como sendo do estilo “Plateresco”, ou “Churrigueresco”. O primeiro, deriva da transposição dos ornatos de estilo maneiristas da prata lavrada no século XVII para a pedra e a madeira; o segundo relaciona a carga e o rebuscamento ornamental praticado pela família “Churriguera”, de arquitetos e escultores espanhóis de Salamanca, do séc. XVIII. A Ordem Terceira foi fundada no Convento de São Francisco em 1635, por Frei Cosme de S. Damião. Em 1644 a sala de reuniões e a primeira igreja foram construídas. Em 1686 foi planejado a reedificação da igreja sob plano monumental. A primeira pedra foi colocada em 1702 e o projeto escolhido por concurso foi o do Mestre Gabriel Ribeiro. A obra se estendeu até 1703, quando o templo foi inaugurado. Os artistas aproximaram-se do repertório ornamental e da delicadeza do lavor do “plateresco”. Por outro lado, o esquema construtivo não parece repetir ou se aproximar dos esquemas da família “Churriguera”. A ordenação dos elementos ornamentais obedece a lógica construtiva dos retábulos luso-brasileiros executados em madeira por entalhadores no século XVIII e as soluções presentes nos tratados arquitetônicos do período. A fachada é dividida horizontalmente em três corpos, distinguidos por duas cimalhas, o corpo inferior corresponde a porta de entrada do templo, o corpo médio a zona central da fachada em que se situam as janelas do coro e o nicho com a escultura de São Francisco, patrono da Ordem, a superior é o frontão que arremata o conjunto com volutas, armas do império e dos franciscanos e a cruz latina. No plano vertical são quatro divisões realizadas por pilastras em mísulas acânticas no plano inferior e ocupadas por figuras humanas no plano central. As duas dos extremos são femininas e vestidas de túnicas romanas, as duas próximas ao nicho, são masculinas, seminuas e portam cabaças típicas dos peregrinos mendicantes. O vocabulário ornamental incorpora a variedade de motivos fantásticos do barroco como mascarões, sereias clássicas (transmutadas em folhagens da cintura para baixo), serpentes do mal que ocupam o friso das pilastras das extremidades e motivos da arquitetura clássica. Alterações foram realizadas no século XIX: Duas portas que ladeiam a central foram abertas e o escudo, que provavelmente fosse da coroa portuguesa, foi transformado no Escudo do Império do Brasil constante de esfera armilar sobre a cruz de Cristo, orlado por 19 estrelas correspondentes as dezenove províncias existentes na época. O eixo vertical ascendente une a porta principal do templo à figura do Patriarca coroado, ao escudo do império do Brasil e à Cruz Latina de onde todo poder emana. No século XIX, motivados pela crítica ao exagero ornamental, toda essa exuberante obra foi recoberta por argamassa caiada de branco. Somente no século XX, acidentalmente se redescobriu a fachada original, retirando todo o reboco e revelando-a por inteiro. Podemos hoje perceber essa fachada como um elo estético entre o Brasil e a América Latina.
Luiz Alberto Ribeiro Freire
Doutor em História da Arte
FAÇADE OF THE THIRD SECULAR ORDER OF SÃO FRANCISCO DA BAHIA CHURCH
The façade of the Third Secular Order Church in Salvador is distinguished from all other Brazilian hurches from the Colonial Brazil period because it is fully ornamented with stone sculptures expressing the Baroque era features, the "Horror Vacui" (from the Greek “fear of the empty”). This type of façade, known as the "retable-façade", which is very common in Spanish America (Mexico, Peru, Ecuador), is the expression of the power of a lay religious order composed of white men, members of the colonial financial, political and intellectual elite, which projected its social status into the façade’s artistic singularity. Bibliography identifies this façade as being made in the “Plateresque”, or “Churrigueresque” style. The first one, comes from the transposition of silversmith mannerism ornaments in the 17th century for stone and wood; The second style relates to the load and labored ornaments practiced by the “Churriguera” family, composed of Spanish architects and sculptors from Salamanca in the 18th century. Third Order was founded in the São Francisco Convent in 1635, by Frei Cosme de S. Damião. In 1644 the meeting room and the first church were built. In 1686, the church rebuilding project was defined under a monumental plan. The first stone was placed in 1702 and the project chosen by tender was the one developed by Mestre Gabriel Ribeiro. The work was extended until 1703, when the temple was inaugurated Artists approached the ornamental repertoire and the labor delicacy of the "plateresque" style. On the other hand, the building scheme does not seem to repeat or get closer to the "Churriguera" family style. The ornamental elements order obeys the constructive logic of the Portuguese-Brazilian altarpieces made in wood by wood carvers in the 18th century and the solutions present in the architectural treatises of the period. The façade is divided horizontally into three different bodies, distinguished by two moldings, the lower body corresponds to the temple entrance door , the intermediate body represents the central area of the facade, where the choir windows and the niche with the sculpture of Saint Francis, Patron of the Order, the higher body is the pediment that concludes the set with volutes, the Imperial and the Franciscans coat of arms and the Latin cross. In the vertical plane are four dividing lines realized by pilasters in corbels with acanthus leaves in the inferior plane, and occupied by human figures in the central plane. The two figures in the extremities are feminine and dressed in roman tunics, the two figures nearer to the niche, are masculine, half-naked and carry typical gourds of mendicant pilgrims. The ornamental vocabulary incorporates several fantastic baroque motifs such as masks, classic mermaids (transmuted into foliage from the waist down), evil snakes that occupy the pilasters frieze in the extremities and classical architecture motifs. In the 19th century changes were made: Two doors that flank the central door were opened and the coat of arms, which probably was of the Portuguese crown, was transformed into the Imperial Coat of Arms having an armillary sphere on the Christian cross, edged by 19 stars corresponding to the Nineteen existing provinces at the time. The ascending vertical axis unites the temple’s main door with the crowned Patriarch sculpture,and with the Imperial Coat of Arms and the Latin Cross from which all power emanates. In the 19th century, motivated by the criticism to the ornamental exaggeration, all this exuberant work was covered by whitewash mortar. It was only in the 20th century that the original façade was accidentally rediscovered, removing all plaster and revealing it entirely. We can now see this façade as an aesthetic link between Brazil and Latin America.
Luiz Alberto Ribeiro Freire
PhD in History of Art
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