Ata do nosso III Encontro do grupo de estudos GEFITE - Grupo de estudos de Filatelia Temática
Ata do III encontro dos grupos de estudos filatélicos, que foi no âmbito do GEFITE, tendo sido conduzido pelos membros Reinaldo Macedo (via skype) e Miguel Magalhães, com o tema: Técnicas para Montagem de Coleções Temáticas.
Começamos o nosso encontro com uma ampla explanação feita por Reinaldo Macedo sobre o panorama mundial da filatelia temática, sendo que temos três correntes, cada qual com suas características, encabeçadas por: (i) Peter Suhadolc; (ii) Damian Lage; e, (iii) esloveno que preciso confirmar com o Macedo o nome. Na primeira corrente, por exemplo, não se admite a sobreposição de inteiros postais.
O tamanho da folha (A3, A4 etc.) é o menor dos problemas. O principal é que a filatelia temática já ultrapassou a fase de textos genéricos, que havia na segunda e terceira gerações. O texto deve vir necessariamente ao lado do selo, não devendo ser parágrafo enorme em que se trate tão somente do tema. Deve tratar especificamente sobre o selo, explicando a razão de aquele selo estar ali. Deve ser necessário ao cerne do trabalho. A pergunta que se deve fazer é: se aquele selo for tirado, faz falta? A resposta deve ser sim. EFETIVAMENTE DEVE SE TER DESENVOLVIMENTO TEMÁTICO. Os nórdicos estão seguindo muito bem essa linha.
Frise-se que coleção temática não precisa ser com o melhor material. No julgamento em exposições, 70 pontos estão ligados não as peças em si, mas ao modo como o expositor apresenta a sua coleção. A pessoa "caprichosa", com conhecimento filatélico e que sabe aplicar as técnicas já sai de 70 pontos. Apenas 30 pontos são sobre as peças em si, dos quais 20 são de raridade e 10 de estado. A raridade analisa o tempo e o valor da peça, ou seja, esse item acaba ficando associado à análise do estado da peça.
Então, o filatelista temático sai de 80 pontos. Portanto, é um ramo democrático, em que se permite a participação de diferentes pessoas dos mais diferentes níveis econômicos e com acessos aos mais diversos tipos de peças.
Na temática, diferente da tradicional e da história postal, não se precisa colocar toda a série. Miguel tinha selo sobre o tema para substituir uma peça cara; depois que adquiriu a peça cara, a pontuação da coleção não se alterou (obs: preço alto não significa que a peça é rara). O valor dado a peça é diferente; a falta não é visível. Como ressaltou o Miguel, o selo ilustra o tema. A criatividade pode compensar a falta. Temas famosos facilitam a avaliação pelas pessoas em geral.
Importante frisar que quanto mais alta a pontuação na exposição, mais difícil fica subir um ponto. Então, a substituição de um selo por outro pode não refletir na pontuação final. E, deve haver destaque para o que for principal, pois o tempo de análise por parte do jurado varia em torno de 5 a 10 minutos por coleção.
A apresentação feita na primeira folha é livre do expositor. Contudo, discute-se em não mais se ter a introdução, que seria substituída por uma estrutura em que o título de cada capítulo contasse a história. A única dos títulos de todos os capítulos formaria o corpo do trabalho (similar ao que se faz na introdução). O roteiro substitui a introdução na primeira folha. O titulo deve expressar o trabalho (exemplo de equívoco: título apresenta "transportes", mas coleção só apresenta barcos).
Ninguém lê tudo, então, é importante que a visão estética inicial, que cria expectativa. Na primeira folha se apresenta título e roteiro. Ao se ler o roteiro, isso define o nível de atenção que será dado à coleção pelo jurado.
Quanto ao tamanho da folha, sua definição não é apenas pelo tamanho das peças. A coleção deve ser extremamente madura, pois a folha A3 tem mais espaço, na medida em que possibilita o uso de espaços que seriam margem de folha na A4. Além disso, a leitura na A3 não é em "I" (de cima para baixo), mas em "Z". Há quem afirme, como Damian Lage, que a melhor folha é a quadrada.
Dúvida que ressurgiu: pode-se montar coleção de história postal com selos machins? A história postal é forma pela qual o serviço foi prestado.
Se considerar a cronologia e forma de uso, isso seria tradicional. Primeiras emissões e carta postal é o estudo do uso do selo. Aplicação é estudo de emissão e por isso é tradicional. Peça com acidente de percurso (taxado, não taxado) não passa a ser história postal, sendo mero acidente. Entrando no tema machins, a pergunta que deve ser feita é: só posso mandar carta com selo machins? Não, posso usar outros, então, não seria história postal do correio inglês. Já o reinado de Elizabeth poderia gerar coleção de história postal. Miguel discorda e logo nos desafiará com uma montagem surpreendente.
Sérgio Marques fez excelente pergunta: e qual é o estágio atual da filatelia temática no Brasil e na Europa? Resposta em um panorama geral: enquanto o Brasil seria 2, a Europa seria 1, principalmente os nórdicos. A América Latina de modo geral ainda estariam em nível um pouco menor. Asia caminha muito bem, sendo que muitos jurados internacionais tem sido asiáticos. É preciso dar um passo além e unir tecnologia.
Tivemos ainda uma ótima apresentação de exemplos (de boas e más práticas) por meio de folhas levadas pelo Miguel, tendo ainda muito se discutido, por meio da análise das folhas, a forma de leitura de uma coleação pelo expectador.
No final, ficou uma sugestão de o GEFITE montar uma coleção temática para debater bons e maus exemplos.
Além dos debates, tivemos a apresentação excelente do trabalho que o Zeca Rocero desenvolve na rede pública em Jundiaí. Ele levou cartões postais feitos pelos alunos em diversos anos e está fazendo o mesmo neste ano. Para isso, contou com a colaboração dos Srs. Chen e Antonio, que o brindaram com inúmeros selos natalinos para uso pelas crianças na troca de cartões postais deste ano.
Sendo o que tínhamos para o momento e contando com o estudo e participação de todos, desejamos a todos excelentes festas e uma ótima passagem de ano. Que em 2017 tenhamos mais ótimos momentos como os desse ano, sempre com muita saúde.
Saudações filatélicas,
Fernando Silva Moreira dos Santos
Coordenador dos Grupos de Estudos da Sociedade Philatelica Paulista
Vejam abaixo algumas imagens da reunião
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